terça-feira, 30 de junho de 2015

Aquela música

Nas ruas, nos becos ou nas varandas dos prédios dessa cidade invisível, aquela música me invade e me faz dançar lembrando-me de cada momento vivido ao seu lado. De quando nossas almas pensam juntas e dizem em rimas besteiras que voam com o vento e se espalha em risos. Lembra-me a sua sobrancelha ciumenta, seus belos olhos, suas piadas sarcásticas, seu cabelo recém-cortado ou suas lágrimas inevitáveis ao se recordar das suas razões gêmeas. Coloca-me em um mundo azul no qual me permiti flutuar entre os calores de um cappuccino ou o gelo de uma esquina noturna. Embala-me e me deixa frágil em seus braços e ao mesmo tempo me torna o homem mais corajoso do mundo, beirando a loucura dentro de seu corpo.

A música que para por um estante para dar passagem para a frase "oi moço", que abre as portas de um sentimento que cansou de ficar trancado. Excita-me e me conforta, me distrai e me coloca em foco, me faz feliz. Felicidade que se manifesta em meio à tempestade de mentes dementes, a descobertas de ídolos repetidos e amigos de verdades absolutas.

É uma música que não acaba, vive em looping, um ciclo de notas que começa no primeiro “bom dia” no meu espelho. Que inspira o seu romantismo crescente, aumenta nossas despedidas intermináveis e nos faz pensar no aquário da nossa casa dos sonhos. Que me faz refletir na velocidade e intensidade do cruzamento de nossas vidas. Que me oferece a chance de admirar cada realização sua nos tecidos da vida. Que me torna pai na hora de seus tropeços e filho quando estou indo para o chão. Que te deixa algemado em minha mente, me obrigando a compartilhar cada segundo da minha vida com você com um sorriso no rosto.

A música que foi desculpa para o primeiro "eu te amo" de um garoto tímido. Que me levanta com os seus acordes e me equaliza na frequência da estação perfeita de se descobrir. A música que te acompanha no fone espantando os seus medos ou na minha vitrola espantando a minha solidão. Ela que começou inconscientemente em uma praça vazia, hoje esta presente eternamente no futuro de dois bobos apaixonados, que esperam que nunca toque a última nota.

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