sexta-feira, 25 de julho de 2014

Meu silencio

Agora não a muito o que fazer.
De sua voz, ouço gemidos um tanto quanto agudos para o seu porte.
Minha mão está dolorida de servir de ancora para o seu desespero.
Mas tudo bem, eu que me ofereci.
As paredes verde, o copo de água pela metade, o silencio.
A televisão está ligada por mero costume. Sem áudio, sem vida.
Agora, eu sinto aliviar a dor da minha mão, aos poucos.
Começo a lembrar como chegamos até aqui, um pouco antes do bolo de fubá.
O silencio foi ampliado. Os seus finos gemidos se esgotaram.
Sua mão caiu na cama, fazendo um barulho abafado, oco.
Em vez de termino, tudo começou:
Pessoas correndo atrás de médicos, barulhos de sirenes, passos contínuos,
aparelhos elétricos, choros desacerbados, lágrimas contidas, terra nos sapatos,
barulho de pá, café muito quente, soluços, últimas palavras, garoa fina.
Alguém falava em uma velocidade absurdamente lenta comigo, com o intuito de me
explicar o que havia acontecido. 
Mas eu estava lá, eu presenciei tudo.
Eu apenas não disse nada pois sabia
que nos veríamos todas as noites de céu estrelado.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Reflexões banais

Você entende a questão?
Como posso confiar em alguém que eu não tenho certeza que exista?
Como eu posso acreditar no amor se nem ao menos cheguei a conhece-lo?
Se pararmos para pensar na vida, veremos que ela não faz sentido algum.
Por outro lado, a morte também não me conforta.
Como posso preferir o frio da incerteza se o calor do pouco
que eu sei ainda mantém os meus pés aquecidos?
É obvio que você não entende a questão.
Você não possui nem se quer uma sombra

terça-feira, 22 de julho de 2014

Hoje eu preciso

Baseado no texto “Minta pra mim” do Alexandre Nero

Hoje eu preciso que o seu lado maligno se mostre e me engane descaradamente.
Hoje eu preciso de um abraço forte depois de falar por horas e de uma profecia do seu oráculo interior dizendo que amanhã será um dia melhor.
Hoje eu preciso que você dê risadas das minhas lágrimas e me mostre uma filosofia
barata de que eu estou melhor que muita gente.
Hoje eu preciso que você finja que esta prestando atenção em mim, mesmo que a sua
mente suja esteja com outras intenções.
Hoje eu preciso estar com a razão.
Hoje eu preciso que você me traga chocolate ou qualquer coisa destrutiva, que faça eu te odiar no dia seguinte por esse presente inoportuno.
Hoje eu preciso de um tapa na cara, de um soco no estomago e ouvir elogios em seguida que faça sentir vergonha de tudo o que reclamei.
Hoje eu preciso saber se você vai estar aqui amanhã.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Expresso labirinto

Vaga justamente você, deus do tempo, dono de minhas horas
No labirinto de sua face, me perco em expressões vagas
No vagão das seis, você se esconde
Sem destino, cem pretensões
O tempo se desfez de suas mãos
Vaga em busca do poder
E poder ter mais uma vaga
No trem da minha vida.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

I like your body

Baseado no poema I like my body de Ana Martins Marques.

O corpo que vejo
seu e meu desejo
no quarto, no ato
mato o anseio
suas mãos
minhas mãos
o olhar de sempre
seu sorriso leve
minha leveza resplandece
meus joelhos encaixados
com os teus joelhos
novamente sua mão
minha mão te persegue
um só corpo bonito
for the time being
só o seu, só você.