sábado, 10 de novembro de 2012

Agradecimento

Hoje já faz um mês que estou postando as minhas COGITATIONES, e gostaria de agradecer a todos que estão me apoiando e estão lendo as minhas histórias. Especialmente, gostaria de agradecer ao Ivan Montanari e o André Almeida por serem os meus maiores incentivadores a montar este blog. Sem duvida, a grande ajuda diária de Cristiane Lustosa que além de fazer as correções dos meus textos, (tenho certos problemas com a língua portuguesa), acabou se tornando uma grande amiga. Na ausência dela, outras pessoas já me ajudaram nas correções, como André Almeida, Fernanda Domingues, e Renato Souza. E a Camilla Dorta, por divulgar e recomendar o meu blog no blog dela. Escrever os meus pensamentos em um espaço online aberto, esta sendo uma experiência muito importante para mim, e isso só esta acontecendo por que vocês estão me ajudando. Obrigado a todos!!!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Atrasado

Estou brigando por nada. Já não consigo mais rir das mesmas piadas, principalmente se elas são comigo. Minha vida está em alta frequência, tudo e nada acontecendo ao mesmo tempo. Já não sei se o meu coração aguenta tantas batidas. Não deixo de sorrir nenhum dia, porém, já fazem dias que os meus sorrisos não saem naturalmente. É mais fácil conseguir os sorrisos dos outros. Engano à mim mesmo diariamente, para aumentar o meu ego, mas não está mais funcionando. Preciso tomar alguma decisão e algumas atitudes, ou então, aceitar e desistir de vez. Estou parado sempre no mesmo lugar, olhando todos passarem por mim. Todos estão correndo, crianças, idosos, adolescentes, cachorros, mesas e cadeiras. O meu filme não vai concorrer em nenhuma premiação. Então, por quê continuo a procurar o pote de ouro? Talvez, o arco-íris surja da chuva ácida e por isso não encontro nada e ninguém. Chuva ácida, corroendo todos os meus dentes, que, cansados de morder, se propuseram a permanecer quietos. Belos dentes quietos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ele & Ela

Ele vivia sempre sozinho, mergulhado em seu mundo. Ela vivia sempre rodeada de muitas pessoas, esse era o seu mundo. Ele tomava café para não dormir abraçado com o vazio. Ela fugia de tudo para dormir o máximo possível, para não ver todos. Ele queria que os seus desenhos fossem admirados ao menos por uma pessoa. Ela queria alguém para ouvir a sua canção. Ele começou a limpar chão, para continuar tendo um teto. Ela gostava de cantar no teatro vazio para as cadeiras vermelhas. Ele sentou em uma cadeira vermelha, admirado com o que ouvia. Ela parou de cantar ao ver que as cadeiras deixaram de ser o seu púbico. Ele pediu desculpas por atrapalhar o seu momento de desabafo. Ela sorriu e aceitou as desculpas. Ele contou sua historia, falou de suas angustias e expressou o que sentia naquele momento. Ela contou sua historia, falou de suas angustias e se comoveu com o que ouviu.

Eles se apaixonaram e não queriam que acabasse aquele momento. Eles ficaram felizes e resolveram mudar suas vidas.

Ele começou a desenhar mais, e passou a divulgar todas as suas obras. Ela se desfez de amizades falsas e começou a cantar para um público vivo. Ele mudou de emprego, e começou a ganhar a vida através do que mais lhe dava prazer. Ela se afastou da fama, e começou a dormir menos, pois ficar acordado já lhe dava mais prazer.

Eles coloriram o mundo, e utilizaram cores que só o amor poderia proporcionar. Eles esqueceram a solidão e escolheram viver em plena comunhão. Eles foram para debaixo do mesmo teto, e através do chão liso, deslizavam para debaixo dos lençóis. Eles viram o tempo passar, e junto do tempo, a vida não parou.

Ele não parava mais em casa, e com as viagens longas e importantes, vivia rodeado de pessoas. Ela cantava para as paredes de sua casa, e aguardava a chegada de seu ouvinte. Ele voltou com um sorriso no rosto e com uma situação financeira cada vez mais favorável. Ela também estava com um sorriso, e uma saudade que explodia de seu coração. Ele foi dormir, pois o seu corpo suplicava por descanso. Ela tirou o sorriso e percebeu que aquele teto já não cobria a mesma felicidade.

Eles se tornaram cada vez mais distantes, as pinturas e o canto já não estavam mais no mesmo ambiente. Eles pareciam dois estranhos, e os olhares já não conseguiam mais se encontrar. Eles resolveram conversar e decidiram que daquele jeito não dava mais para continuar.

Ele pegou os seus quadros e foi embora. Ficou triste com a partida, mas sabia que iria sobreviver. Ela ficou na casa sozinha e só queria dormir para o mundo tentar esquecer. Ele viajou com a arte e o seu caminho ainda tinha um colorido, diferente, porém intenso. Ela estava em um mundo escuro e então percebeu que não tinha mais razão para viver.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Noturno

Que bom que existe a noite! A lua é minha melhor amiga. Ela me ouve, me entende, me ilumina. A noite permite ir longe, com os meus pensamentos, com os meus pés no asfalto. A escuridão esconde as coisas ruins, nos becos, postes, casas abandonadas. Outras luzes me iluminam, outros anseios me instigam. Viajo com as estrelas, ando, voo, flutuo. Corro ao perceber que o sol está chegando... E procuro novamente, a noite mais próxima.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Confissões de um ator

É neste momento que eu sinto que faço a diferença na vida de outras pessoas. Ouço os três sinais tocarem e o meu coração dispara. Os holofotes já estão acesos, é hora de começar. Em passos lentos e curtos vou me aproximando para o centro do palco, minhas mãos estão trêmulas, na verdade, estou tremendo por inteiro. Quando paro e olho para todos, as minhas palavras saem naturalmente e o espetáculo começa. Eu não estou procurando a fama, e sim, a minha felicidade. E não estou procurando só a minha felicidade, estou procurando a sua, a dele, a de todos. Quero acrescentar algo para a vida de alguém, mostrar as minhas reflexões e ouvir a do outro. Nas diversas tarefas rotineiras que sou obrigado a fazer, não consigo mostrar quem realmente sou. Viro apenas mais um. Mas diante da plateia, me sinto no lugar certo, me sinto a vontade e com vontade de me jogar no meio de todos. Sinto-me vivo, ativo, inteiro, disposto e completo.

E entre a felicidade e o drama, participo da trama e me envolvo no jogo da atuação.
Entre a vida e a morte, eu arrisco a sorte e me entrego ao personagem.
Entre a dor e o prazer, eu aprendo a crescer e viro o adulto na criança.
Entre o sonho e a realidade, eu entendo que a verdade é acreditar no que eu quero ser.

Sei que sou mais um, entre tantos que escolheram viver para o teatro. Mais uma estrela entre milhões, que querem brilhar na noite mais escura, para serem visto por todos. Porém, acredito que, mesmo na terra como no céu, todos têm espaço. A rua pode ser o nosso palco, a parede branca pode ser o nosso cenário, nossos corpos nus podem ser o figurino, e apenas uma pessoa aplaudindo o seu trabalho, é a sua plateia inteira.

sábado, 3 de novembro de 2012

Fonte de felicidade

Depois de muito tempo pensando em vir aqui, tomei coragem. Preciso te falar algumas coisas. Coisas que eram para ficar no passado, mas que o coração e a consciência não me deixaram esquecer. Á princípio queria esclarecer que, quando chegou ao fim, não fiz isso por outra pessoa, e sim, por mim. Tudo foi ficando estranho ao longo do tempo. Suas palavras já não me confortavam mais, os seus beijos não me envolviam como antigamente. Sentia-me mal ao ver a sua alma clamando os meus abraços e a minha não conseguir corresponder. De certa forma você me prendia sem intenção e me sufocava com todo o seu amor sincero. "Amor", onde tudo começou. Tínhamos opiniões diferentes sobre esse sentimento tão frágil. No dia em que fui falar com você, confesso que estava ansioso para que tudo acabasse, pois finalmente encontraria a minha liberdade, entretanto, tinha plena certeza de que me arrependeria amargamente por esta decisão. Naquele mesmo mês, fiz tudo o que queria fazer antes e não conseguia. Foi bom. Mas o tempo foi passando, e a diversão também. Hoje me encontro desesperado, revirando o passado, na busca de sentir as mesmas alegrias que sentia quando estava ao seu lado. Que inocência! Hoje vejo todos em minha volta andando em passos mais acelerados e mais fortes, e eu, cada vez mais devagar e solitário. Vejo fotos suas distribuindo sorrisos, sorrisos que um dia já foram para mim. Não vim aqui para pedir perdão, vim apenas para lhe contar que, apesar das más escolhas que cometi, a melhor delas foi dizer à todos que você foi a minha “inesquecível fonte de felicidade“.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Entre a sorte e o azar

Zico era um menino muito azarado. Tudo dava errado em sua vida de pré-adolescente. Até que um dia, logo depois de cair da cama, como sempre, ele resolveu mudar essa situação definitivamente. Então começou a ler desesperadamente sobre o assunto e encontrou uma possível solução. Ele teria que subir na árvore mais alta que encontrasse e gritar o mais alto que pudesse. Depois de ter deixado o livro cair em seu pé, ele resolveu ir em busca da grande árvore. Andando pela cidade, encontrou um Jatobá, que ficava ao lado de uma emissora de rádio. Ele começou a subir, machucou os pés, as mãos, a barriga e mais algumas partes do seu corpo. Quando chegou lá em cima, gritou com toda a força. No mesmo instante, Afonso que é locutor do programa “barulho do momento”, estava bebendo o seu café tranquilamente, olhando a paisagem pela janela. Ao ouvir o grito se assustou, e deixou cair todo o seu café que atingiu a cabeça de Dona Vera, uma mãe que passeava com o seu bebê Adolfo, dentro do carrinho, que gritou de dor por conta do café quente que cobriu o seu rosto. Ela empurrou o carrinho da criança, que foi direto para um cruzamento, fazendo com que todos os carros parassem imediatamente. Mas com o freio brusco, a calota do carro de Fred, o taxista, saiu rolando rua abaixo, passando por cima do rabo do gato Nino, que deu um salto e caiu no colo do Adão do lixo, que acabou sendo todo arranhado pelo gato assustado. Depois do Nino sair correndo de seu colo, em plena fúria, ele pegou uma pedra que estava no chão e atacou em direção ao gato, mas errou e acabou acertando a cabeça de Manuel, pintor profissional, que carregava uma lata de tinta vermelha, que com a pancada, acabou deixando a cair no chão e atingindo os pés de madame Mercedes, que ficou desesperada por manchar seus sapatos de pele de mão pelada. Ela saiu correndo em direção ao seu carro e esbarrou em uma escada onde estava o eletricista Teco, que acabou caindo em cima do carro do policial Fontes. Ele saiu do carro, xingando o eletricista. Sem pensar, pegou sua arma e atirou no pobre coitado, mas errou, atingindo a mão do vendedor de balões de ar, que por sua vez, deixou todos os balões escaparem. Zico, ainda estava em cima da árvore, pois quando olhou para baixo não teve mais coragem de descer, quando viu os balões vindo em sua direção, deu um pulo e tentou pegá-los, mas infelizmente não conseguiu. Zico finalmente conseguiu sua sorte tão almejada, pois mesmo estragando o dia de tantas pessoas, todos apareceram no seu velório, e choraram sinceras lagrimas pelo garoto.