terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vontade X Realidade

Quero ajuda, quero um abraço, alguém para amarrar o meu cadarço.
Quero força, quero inteligência, quero mudar uma consciência.
Faça justiça, faça acontecer, faça a humanidade amanhecer.
Faça dor, faça sangrar, apenas quando a covardia te chamar.

Uma grande viagem me aguarda, o meu sonho esta prestes a virar realidade. Anos batalhando para tudo dar certo, me encontro com ela para contar a notícia e ela chora desânimo em cima dos meus pés. Amor? Não, inveja! Andou sempre ao meu lado para colocar o pé na minha frente para eu cair.
Quero ajuda, quero um abraço, alguém para amarrar o meu cadarço.

Naquela noite ela já não sabia o que fazer. Ver a vida virar ao contrário para o lado da morte, e não poder fazer nada foi demais. Aquela criança que saiu do seu próprio ventre acaba de tirar os sonhos de um jovem com uma arma. Mão tremula, coração desesperado, olhos arregalados. É o fim.
Quero força, quero inteligência, quero mudar uma consciência.

Contra pensamentos negativos e antigos, ele se põe à prova para comprovar sua teoria. Uns dizem que é falta de moral e outros de ética, mas ele sabia que para mudar uma opinião seria preciso muito mais que coragem e um terno. Mesmo condenado e trancafiado com a sua solução, ele soluçou seu discurso por toda a noite.
Faça justiça, faça acontecer, faça a humanidade amanhecer.

Apesar de conselhos e preocupações, ele se envolveu com o perigo. Se antes a adrenalina era a sua amiga, agora virou uma cobra traiçoeira que lhe picou e cuspiu veneno em seu rosto. Para provar lealdade a um homem sem amigos é preciso matar o seu inimigo. E tirando aquela vida inocente, ele lavou o veneno da cobra e jogou a mulher que lhe pôs no mundo à escuridão da vergonha.
Faça dor, faça sangrar, apenas quando a covardia te chamar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Às Vezes

Às vezes pareço meio cansado, pois acabei de jogar uma partida de trabalho.
Às vezes me vejo jogado no chão, pois fiquei bêbado com o vento e com o tédio.
Às vezes brinco de ir embora para ver se você me segue ou me esquece.
Às vezes falo com as focas para ganhar atenção e aplausos.
Às vezes beijo a sua boca para sentir sua carne venenosa.
Às vezes fico de cabeça para baixo, só para enxergar o mundo em outro ângulo.
Às vezes invento um apelido para você para te tornar único.
Às vezes imagino que posso voar só para tirar os meus pés desse mundo sujo.
Às vezes simplesmente não faço nada.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ossos sentimentais

Voltei para o mar e percebi que não sinto mais a água.
Fui para o deserto e percebi que aquele calor imenso já não me incendeia.
Pulei de uma nuvem e vejo que a altura não é mais um empecilho.
Explorei de baixo da terra e vejo que a falta de ar não é tão sufocante.
Perdi alguém que eu amo e olho que é possível viver só.
Vou deixar alguém que eu amo e olho que... ainda sou feito de ossos e sentimentos.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Espelho das trevas

Eu ando com você, eu estou com você.
Na escuridão eu posso desaparecer,
mas eu sou você.

Seguindo o rumo em direção contrária, em plena madrugada eu estou ali.
Fugindo do mundo, correndo desesperado, coração acelerado, eu estou aqui.
No calor intenso, a cabeça doendo, com os seus pés inchados, estou mais forte ali.
No pior tempo, a chuva escorrendo, cercado de poças, estou refletido aqui.

Eu ando com você, eu estou com você.
Na escuridão eu posso desaparecer,
mas eu sou você.

Sou o que vê cada lágrima sua e muitas vezes me faço de cama para acalentar suas costas tensas.
Sou o seu espelho das trevas, mudo de ângulo ao mesmo tempo em que você muda de direção.
Sou igual ao seu nome, um elemento inseparável, a prisão eterna do vulto e da alma, na solidão a sua maior recompensa.
Estou no seu desenho, na sua fotografia, no filme da sua vida, acompanho a sua canção.

Só o som sobra
Só o som sobra
Sou a sua sombra.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Trivial Mascarado

Atrasado para começar a viver.
Ainda entre lençóis olho a hora e vejo o quão adiantado estou para o meu martírio. No primeiro gole do meu café assisto bem devagar o declínio da minha esperança, junto com o tempo. Entre os meus compromissos diários invento momentos de devaneios para não ficar completamente normal. Para cada elogio que recebo trabalho em um sorriso forçado para não desapontar aqueles olhos brilhantes, mas gostaria de acreditar nessas palavras animadoras. Atualmente a única coisa que me anima é poder voltar para casa. Me embriagando de carinhos e cervejas, paro um instante para decidir como mudar tudo amanhã, e desisto de planejar ao perceber que o meu quarto já está escuro, que a minha calça jeans não está na cadeira, que ainda sinto o couro do sapato e o meu caderno está na minha mão.
Continuo atrasado para começar a viver.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Angustia

O meu coração pula em tamanha emoção, infelizmente não é pela vitória de algum time famoso ou por alguma grande façanha realizada por mim, e sim por algo de ruim que pode acontecer, que pode destruir a minha vida e das pessoas a minha volta. Será que estou sendo dramático? Talvez. Aliás, muito provável. É uma merda ser feliz diante de uma mentira absoluta. Sorrisos enormes com pequenas convicções. No fim, você percebe que o mundo gira com olhos abertos e a todo momento tem alguém estudando a sua vida. Curiosos, preocupados, vagabundos...tanto faz. O que importa é que um medo que foi carregado durante uma vida inteira sozinho, como uma pedra enorme que destrói as costas de um homem solitário, foi quebrada em pedaços, e todos os olhos intelectuais estudam cada fragmento com expressões pavorosas e preocupantes. Antes fosse uma doença mortal. Agora só me resta assistir de camarote os meus sonhos e pesadelos se abraçarem e caírem de um penhasco. E torcer que a luz que vejo brilhar lá em baixo seja a esperança e não o fogo do inferno.