segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Confissões de um ator

É neste momento que eu sinto que faço a diferença na vida de outras pessoas. Ouço os três sinais tocarem e o meu coração dispara. Os holofotes já estão acesos, é hora de começar. Em passos lentos e curtos vou me aproximando para o centro do palco, minhas mãos estão trêmulas, na verdade, estou tremendo por inteiro. Quando paro e olho para todos, as minhas palavras saem naturalmente e o espetáculo começa. Eu não estou procurando a fama, e sim, a minha felicidade. E não estou procurando só a minha felicidade, estou procurando a sua, a dele, a de todos. Quero acrescentar algo para a vida de alguém, mostrar as minhas reflexões e ouvir a do outro. Nas diversas tarefas rotineiras que sou obrigado a fazer, não consigo mostrar quem realmente sou. Viro apenas mais um. Mas diante da plateia, me sinto no lugar certo, me sinto a vontade e com vontade de me jogar no meio de todos. Sinto-me vivo, ativo, inteiro, disposto e completo.

E entre a felicidade e o drama, participo da trama e me envolvo no jogo da atuação.
Entre a vida e a morte, eu arrisco a sorte e me entrego ao personagem.
Entre a dor e o prazer, eu aprendo a crescer e viro o adulto na criança.
Entre o sonho e a realidade, eu entendo que a verdade é acreditar no que eu quero ser.

Sei que sou mais um, entre tantos que escolheram viver para o teatro. Mais uma estrela entre milhões, que querem brilhar na noite mais escura, para serem visto por todos. Porém, acredito que, mesmo na terra como no céu, todos têm espaço. A rua pode ser o nosso palco, a parede branca pode ser o nosso cenário, nossos corpos nus podem ser o figurino, e apenas uma pessoa aplaudindo o seu trabalho, é a sua plateia inteira.

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