Ainda entre lençóis olho a hora e vejo o quão adiantado
estou para o meu martírio. No primeiro gole do meu café assisto bem devagar
o declínio da minha esperança, junto com o tempo. Entre os meus compromissos
diários invento momentos de devaneios para não ficar completamente normal. Para
cada elogio que recebo trabalho em um sorriso forçado para não desapontar
aqueles olhos brilhantes, mas gostaria de acreditar nessas palavras animadoras.
Atualmente a única coisa que me anima é poder voltar para casa. Me embriagando
de carinhos e cervejas, paro um instante para decidir como mudar tudo amanhã, e
desisto de planejar ao perceber que o meu quarto já está escuro, que a minha
calça jeans não está na cadeira, que ainda sinto o couro do sapato e o meu
caderno está na minha mão.
Continuo atrasado para começar a viver.
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