sexta-feira, 25 de julho de 2014

Meu silencio

Agora não a muito o que fazer.
De sua voz, ouço gemidos um tanto quanto agudos para o seu porte.
Minha mão está dolorida de servir de ancora para o seu desespero.
Mas tudo bem, eu que me ofereci.
As paredes verde, o copo de água pela metade, o silencio.
A televisão está ligada por mero costume. Sem áudio, sem vida.
Agora, eu sinto aliviar a dor da minha mão, aos poucos.
Começo a lembrar como chegamos até aqui, um pouco antes do bolo de fubá.
O silencio foi ampliado. Os seus finos gemidos se esgotaram.
Sua mão caiu na cama, fazendo um barulho abafado, oco.
Em vez de termino, tudo começou:
Pessoas correndo atrás de médicos, barulhos de sirenes, passos contínuos,
aparelhos elétricos, choros desacerbados, lágrimas contidas, terra nos sapatos,
barulho de pá, café muito quente, soluços, últimas palavras, garoa fina.
Alguém falava em uma velocidade absurdamente lenta comigo, com o intuito de me
explicar o que havia acontecido. 
Mas eu estava lá, eu presenciei tudo.
Eu apenas não disse nada pois sabia
que nos veríamos todas as noites de céu estrelado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário